Tri ou troco - Gazeta Esportiva

São Paulo
04/21/2019 09:10:51
 

Em 1982, o Corinthians da Democracia, com Sócrates, Casagrande e companhia, enfrentava o São Paulo bicampeão estadual, de Oscar, Dario Pereyra e Serginho Chulapa, pela final do Campeonato Paulista. Na ocasião, o Timão venceu a batalha e tirou o possível tricampeonato das mãos do Tricolor. Neste domingo, 37 anos depois, as equipes se encontram novamente na decisão do torneio e o time do Morumbi pode dar o troco na mesma moeda.

O São Paulo terá a oportunidade de conquistar um título de Campeonato Paulista depois de 14 anos. Além disso, a equipe lutará contra outros tabus, como o de nunca ter vencido o Corinthians em Itaquera. O Timão, por outro lado, vai em busca do terceiro título consecutivo do torneio estadual. Ainda que não haja favoritos para o Majestoso decisivo, o Corinthians vai em busca de seu quarto tricampeonato estadual. O clube já conseguiu o feito três vezes na sua história (1922/1923/1924), (1928/1929/1930) e (1937/1938/1939).

O Título da Democracia

Em 1982, o Timão iniciava um movimento que ficou marcado na história. A Democracia Corintiana foi simbólica não só na história do clube, mas também na do futebol brasileiro. Para tornar aquele momento ainda mais importante, um título dentro de campo era necessário. A tarefa, entretanto, não era fácil.

Depois de ser campeão no primeiro turno do Campeonato Paulista, com o Tricolor em segundo lugar, o Corinthians viu as posições serem trocadas no returno, quando o São Paulo ficou em primeiro e o Alvinegro foi o vice. Como previa o regulamento, nesta ocasião, as equipes se enfrentaram em jogos de ida e volta na finalíssima do Estadual.

O São Paulo vinha de um bicampeonato paulista, conquistado em 1980 e 1981. Não era possível cravar um favoritismo, mas o time do Morumbi tinha com um elenco mais “cascudo”, por conta dos títulos passados. Depois de bater na trave em 1947, 1950 e 1972, era a oportunidade do Tricolor conquistar o tão desejado terceiro troféu consecutivo de Campeonato Paulista.

Na primeira partida da final, no Morumbi, o Tricolor começou mais agressivo, mas não conseguiu ser eficiente para abrir o placar. Na segunda etapa, quem controlou o jogo foi o Corinthians, que balançou as redes com Sócrates, após cobrança de escanteio de Zenon, aos 15 minutos.

No jogo decisivo da finalíssima, também no Morumbi, o São Paulo precisava tomar a iniciativa para tirar a vantagem do adversário. O Timão, com o time talentoso que tinha, não caiu nas tentativas de intimidação dos rivais e soube se portar bem. O placar não foi alterado no primeiro tempo, e o resultado dava o título para o Corinthians. Na volta do intervalo, foi o clube de Parque São Jorge que tomou as ações, e Biro-Biro abriu o placar depois de tabelar com Sócrates, aos 26 minutos. O Tricolor até chegou ao empate aos 32, com Dario Pereyra, mas o Timão confirmou a vitória com mais um de Biro-Biro aos 37, e com Casagrande aos 41.

Além de ser o 18º título paulista corintiano, a conquista ficou marcada como “a vitória da Democracia”. A Gazeta Esportiva, na época, destacou o senso de conjunto e solidariedade do clube. Segundo o jornal, era um trabalho fincado em três pilares: o diretor de futebol Adilson Monteiro Alves, Mario Travaglini, treinador da equipe, e o meia Sócrates, um dos principais líderes do elenco.

Pelo lado são-paulino, os atletas lamentaram a chance perdida de conquistar o tricampeonato. Muitos foram remanescentes dos títulos de 1980 e 1981 e queriam mais uma conquista. Éverton, meia titular do Tricolor na época, mostrava-se confiante antes da partida. “É muito grande a nossa confiança. Vamos encarar o jogo como uma partida usual e temos certeza que, assim, estaremos caminhando para o tricampeonato”, declarou o jogador à Gazeta Esportiva. Depois do jogo, porém, o zagueiro Oscar lamentou a falta de união do elenco tricolor, que teria atrapalhado na decisão.

Depois de 37 anos, São Paulo pode dar o troco

Até então, o Tricolor não teve uma oportunidade de se vingar. Neste domingo, entretanto, o clube do Morumbi pode dar o troco na mesma moeda. Isso porque o Corinthians chega para esta final com os títulos de 2017 e 2018 na bagagem.

Alguns detalhes coincidem com a partida de 1982, como o mando de campo do Corinthians na partida decisiva. Além disso, o diretor de futebol do Timão, na época, era o sociólogo Adilson Monteiro Alves, e quem ocupa este cargo no clube atualmente é seu filho, Duílio Monteiro Alves.

Outro fato curioso é a presença de jogadores formados nas categorias de base nos elencos. No time da Democracia Corintiana, 12 dos 21 atletas inscritos foram formados no juvenil do clube. Inclusive cinco deles eram titulares na conquista do Estadual. Solito, Mauro, Wladimir, Ataliba e Casagrande eram crias do Terrão.

Em 2019, pelo lado são-paulino, os garotos de Cotia ajudaram a equipe a mudar de rumo na competição e levar o Tricolor até a final. Entre os 11 titulares, Luan, Liziero (que não joga no domingo por estar machucado), Igor Gomes e Antony são formados na base do clube. Além deles, há também Helinho e Brenner, que completam o elenco, e Hernanes, que foi revelado pelo Tricolor ainda em 2005.