3 anos de Rogerião - Gazeta Esportiva
Felipe Leite
São Paulo, SP
06/25/2023 07:00:11
 

Por Felipe Leite

Rogério Godoy não é chamado de ‘Rogerião’ à toa — o apelido remete à grandeza, e disso, o preparador de goleiros do Palmeiras tem de sobra. Não só pelas propriedades físicas: a dimensão do profissional de 52 anos diz respeito, também, ao número de vitórias e títulos.

Só no Verdão, Rogerião levantou nove troféus, triunfou 141 vezes em 246 jogos e colaborou muito para a consolidação de Weverton na Seleção Brasileira. Não é incomum ver comentários de palmeirenses nas redes sociais alçando-o a um status de certa idolatria — virou personagem fundamental do clube, afinal.

Tudo, claro, construído ao longo do tempo e à base da experiência. Afinal, a carreira de Rogério Godoy não começou ontem: teve início, sim, em 2005 — nas categorias de base do Grêmio, time de sua cidade natal. Por lá, escalou até os profissionais e conquistou três títulos estaduais, além de Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana.

Neste domingo (25), Rogerião completa três anos de Palmeiras. Nada melhor do que alcançar tal marca em dia de jogo importante: o Verdão encara o Botafogo, em duelo que reúne os líderes do Campeonato Brasileiro, no Allianz Parque. À Gazeta Esportiva, o preparador de goleiros relembrou sua trajetória profissional até chegar ao Alviverde, explicou como foi se juntar ao time palestrino, recapitulou a passagem até aqui e muito mais.

Gazeta Esportiva: Rogério, você completa 3 anos de Palmeiras neste domingo. Ao longo desse período, acumulou muitas vitórias e títulos, claro. Olhando para trás e aproveitando essa marca para relembrar tudo o que passou no Verdão, qual é o sentimento?

Rogério Godoy: Sentimento de gratidão pela oportunidade dada pelo Palmeiras e sentimento de ter tomado a decisão certa, o que propiciou para a gente trilhar este caminho de muito trabalho, vitórias e conquistas ao longo desse período.

Gazeta Esportiva: Você falou em “trilhar esse caminho”. Antes de chegar ao Alviverde, você teve uma passagem vitoriosa pelo Grêmio também, inclusive com título de Libertadores. Guarda boas lembranças do Tricolor gaúcho?

Rogério Godoy: Ótimas lembranças. O Grêmio me deu a chance de crescer e buscar sempre a evolução profissional. Vivi grandes momentos no clube e também momentos de muito aprendizado. Agradeço sempre ao Grêmio, por ter contribuído com a minha carreira e me ajudado a chegar onde cheguei.

Gazeta Esportiva: Como foi feito o convite de Vanderlei Luxemburgo para você se juntar ao Palmeiras, em 2020?

Rogério Godoy: Tinha acabo de ser demitido do Grêmio e recebi um telefonema do professor Mello, que me avisou que o professor Luxemburgo iria me ligar. Foi ele quem me deu a primeira oportunidade lá no Grêmio, em 2012 (no mês de abril, quando foi promovido ao time principal). Sou eternamente grato a ele e sempre honrarei seu nome com muito trabalho.

(Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Gazeta Esportiva: O Palmeiras, tradicionalmente, é uma ‘Academia de goleiros’. Você auxiliou no desenvolvimento do Weverton, por exemplo, que virou goleiro de Seleção Brasileira. Como é feito o trabalho no dia a dia em busca dessa excelência?

Rogério Godoy: Fico feliz de ter colaborado com o crescimento do Weverton. O desafio era mantê-lo com a Amarelinha, ele já era um goleiro de Seleção. Quando tivemos a oportunidade de vir para cá, o desafio era fazer a manutenção disso com ele e, principalmente, passar nossos conceitos. Minha ideia é de que o goleiro é sempre uma peça importante. Goleiro não ganha jogos — ganha títulos, traz conquistas para a equipe. Na hora em que precisa, ele tem que ser decisivo. Fomos construindo isso no dia a dia com muito trabalho e dedicação.

Gazeta Esportiva: E como a estrutura do Palmeiras ajuda nesse trabalho do dia a dia?

Rogério Godoy: O Palmeiras tem uma grande estrutura. O profissional que chega ao clube para trabalhar tem uma suite à disposição dentro da concentração, assim como a área de saúde, com os departamentos de fisiologia, fisioterapia, nutrição e o departamento médico — e a gente usufrui de tudo isso. Destaco também os excelentes campos de treinamento, onde aplicamos a metodologia para evolução do rendimento dos atletas.

Gazeta Esportiva: Falando nisso: recentemente, chamou a atenção um treino inovador para goleiros do Verdão, que faz a bola quicar rapidamente para testar velocidade de reação dos goleiros. Como surgiu a ideia para trazer tal inovação à Academia de Futebol?

Rogério Godoy: Já tinha visto alguns vídeos a respeito desse ‘tapete’ que trabalha a velocidade de reação. Quem acompanha nosso trabalho no dia a dia sabe que gosto muito dos trabalhos de reação, que a gente alcança também através de outros modelos. Conversando com nosso fotógrafo Cesar (Greco), disse a ele que não existia no Brasil, e ele se interessou em fazer os registros. Reproduziu a rede com os desviadores, a gente usou e foi um sucesso. O feedback dos goleiros foi bastante positivo: gostaram da inovação e se sentiram bem no trabalho.

(Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Gazeta Esportiva: Rogério, todo mundo lembra de você pagando aquela promessa na Libertadores de 2020, percorrendo o gramado do Maracanã de joelhos depois da final contra o Santos. O que te levou a fazer isso e como isso virou um hábito? Afinal, já são nove títulos com o Palmeiras.

Rogério Godoy: A promessa aconteceu ao final do jogo. Prometi à Nossa Senhora Aparecida que, se tivéssemos êxito no jogo, sem precisar da prorrogação e pênaltis, eu iria cumprir de joelhos. Acabou surgindo o gol do Breno (Lopes) nos acréscimos. Foi praticamente no mesmo instante, muito rápido, logo após eu ter feito a oração. Desde então se tornou praxe na nossa comemoração de títulos.

Gazeta Esportiva: Para fechar: o que o futuro reserva? O que você pensa para a sequência da sua carreira?

Rogério Godoy: Sou extremamente grato de estar onde estou, trabalhando e defendendo as cores do Palmeiras. Agradeço muito a Deus pela oportunidade, é uma honra para qualquer profissional. A busca é sempre por evoluir e entregar o melhor, dando respaldo técnico aos nossos atletas.

Confira os números de Rogerião no Palmeiras:

Jogos: 246
Vitórias: 141
Empates: 62
Derrotas: 43
Aproveitamento: 65,7%
Gols sofridos pelos goleiros: 200 (média de 0,81 por jogo)
Títulos: 9 (Campeonato Paulista (2020, 2022 e 2023), Libertadores (2020 e 2021), Copa do Brasil (2020), Recopa Sul-Americana (2022), Campeonato Brasileiro (2022) e Supercopa do Brasil (2023))