São Marcos, 20 anos - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon e Fernando Gavini
São Paulo, SP
06/12/2019 09:00:26
 

Marcos Roberto Silveira Reis ganhou status de santo durante a Copa Libertadores de 1999. Escolhido pelo técnico Luiz Felipe Scolari para substituir o lesionado Velloso durante o torneio disputado há 20 anos, o goleiro protagonizou uma série de milagres e teve sucesso nas decisões por pênaltis.

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“A conquista de 1999 foi fundamental não só pela importância de vencer uma Libertadores. Eu não era um goleiro conhecido. Estava no elenco e já tinha alguns títulos, mas sempre no banco. Quem ganhou os títulos foram Sérgio e Velloso. Então, foi o primeiro que venci jogando, mesmo”, disse Marcos à Gazeta Esportiva.

Dono da posição de titular no começo da temporada, Velloso disputou apenas os primeiros quatro jogos da campanha vitoriosa do Palmeiras na Libertadores. O processo de canonização de Marcos foi iniciado com atuações históricas na série contra o Corinthians pelas quartas de final, encerrada com vitória nos pênaltis.

Então com 25 anos e poucos jogos como profissional, Marcos recebeu atenção especial de César Sampaio, capitão do Palmeiras à época. Como de praxe, o meio-campista procurou se aproximar do companheiro para transmitir confiança, mas ficou surpreso com a reação do goleiro.

“Quando algum jovem vai jogar, como capitão, você sempre encosta e o cara está tremendo, inseguro. No pré-jogo, no acesso ao túnel ou na beira do campo, o cara está meio assim”, disse o ex-volante, arregalando os olhos. “Quando falei com o Marcão, ele disse: ‘Tranquilo, Sampaio. Não esquenta, não’”, lembrou o antigo capitão, rindo.

Após brilhar nos Derbys das quartas de final, Marcos teve atuação decisiva no primeiro jogo diante do River Plate, pela semi. Na decisão contra o Deportivo Cali, o substituto de Velloso voltou a fazer milagres e viu Bedoya e Zapata desperdiçarem suas cobranças de pênalti.

“Acabei fazendo boas partidas e o time ganhou. Na minha história dentro do Palmeiras, foi o que alavancou. Terminar uma Libertadores como campeão depois de começar o ano como terceiro goleiro foi o que deu confiança para seguir a carreira dali para a frente”, recordou Marcos, que também concorria com Sérgio.

Embora tenha conquistado o status de santo durante a Copa Libertadores 1999, Marcos atribui a idolatria da exigente torcida alviverde a outro episódio. Em 2003, um ano depois de conquistar o pentacampeonato com a Seleção Brasileira, ele recusou uma oferta do Arsenal para disputar a Série B do Campeonato Brasileiro.

“Acho que a grande maioria dos torcedores tem esse carinho por mim pela Série B mesmo, por ter decidido ficar depois de ser campeão do mundo com a Seleção para levar o Palmeiras de volta à Primeira Divisão. O grande moral que tenho com o palmeirense foi por essa escolha”, disse o Santo.