Guardião da história - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
08/26/2019 09:00:33
 

A garagem de um sobrado localizado no bairro paulistano do Caxingui guarda parte importante da história da Sociedade Esportiva Palmeiras. Há mais de 25 anos, o torcedor Ivan Sequia, lembrado por ídolos do clube que aniversaria nesta segunda-feira, atualiza um vasto acervo sobre os jogadores que vestiram a camisa alviverde.

Em 1992, com o Palmeiras mergulhado em longo jejum de títulos, Ivan passou a separar notícias publicadas em diferentes jornais sobre os atletas do Palmeiras. Periodicamente, com uma quantidade razoável de informações devidamente organizada, ele procurava pelos jogadores.

“Toda semana, ele ia até o CT e me entregava um álbum com tudo que saía na imprensa”, disse Zinho, um dos ídolos que lembram do torcedor, assim como César Sampaio. “Naquela época, ainda era mais jornal mesmo. Muito legal”, acrescentou o ex-meia em entrevista à Gazeta Esportiva.

Atualmente, a despeito da significativa diminuição dos cadernos de esporte dos jornais, Ivan Sequia mantém o costume de comprar diferentes publicações. Para alimentar seu acervo sobre os jogadores do Palmeiras, ele conta ainda com ajuda de alguns colaboradores.

Torcedor Ivan Sequia exibe exemplar de 1997 do jornal A Gazeta Esportiva (Foto: Bruno Ceccon/Gazeta Press)

“Como sei que determinados amigos compram determinados jornais, vou atrás dos caras e digo: ‘Meu, estou precisando do jornal de hoje. Você guarda para mim?’. Aqui, é papel. Pela Internet, não dá para mostrar direito como foi. Eu gosto disso”, disse Ivan, com as pontas dos dedos levemente sujas por manusear os exemplares.

O acervo iniciado há mais de 25 anos, armazenado na garagem da casa da mãe de Ivan Sequia, é constantemente atualizado – sobre os atacantes Willian e Dudu, de notas curtas a reportagens especiais, há dois sacos cheios de jornais. A facilidade em contatar os jogadores, porém, ficou no passado.

“Antigamente, os caras nos recebiam muito bem, porque não existia muita divisória. Agora, para você chegar a um jogador, é muito difícil. Às vezes, marco com o pai de algum para conseguir entregar. Uns, dão valor, mas, outros, não estão nem aí”, descreveu o torcedor, assíduo frequentador das partidas.

Ivan Sequia transmitiu seu amor pelo Palmeiras ao filho Diego, conhecido nos anos 1990 por entrar em campo como mascote ao lado de Zinho. No 105º ano do clube alviverde, o consultor sonha com a possibilidade de incluir no acervo notícias sobre o título mundial.

“O Palmeiras foi campeão mundial em 1951, mas é para acabar com essa ladainha”, justificou. “Gostaria de entregar o material sobre os mais de 400 atletas que tenho. Querendo ou não, todos fazem parte da história do Palmeiras. Muita gente me chama de louco, mas essa é minha vida. Faço por prazer e vou continuar”, disse.