Do vexame ao tetracampeonato - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon e Tiago Salazar
São Paulo, SP
07/12/2019 09:00:45
 

O goleiro Taffarel, vilão da primeira derrota do Brasil na história das Eliminatórias, viveu uma trajetória turbulenta rumo ao título da Copa do Mundo 1994. Bancado pelo técnico Carlos Alberto Parreira, ele encerrou o torneio disputado nos Estados Unidos há 25 anos como herói da decisão por pênaltis contra a Itália.

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“Foi a vitória mais marcante da minha carreira. Se ainda existe reconhecimento do torcedor nas ruas, é essa a lembrança que vem, justamente pela expectativa dos 24 anos sem ganhar e pela forma como vencemos”, disse Taffarel, que pegou a cobrança de Massaro e viu Baresi e Baggio chutarem por cima.

Em jejum desde o tricampeonato conquistado por Pelé e companhia em 1970, a Seleção deixou o Brasil para disputar a Copa do Mundo 1994 cercada por desconfiança. Pelas Eliminatórias, Taffarel chegou a defender um pênalti contra a Bolívia, mas tomou um frango vexaminoso e o time acabou derrotado por 2 a 0 de forma inédita no torneio.

“Quando você sofre um gol assim, pensa no dano que pode fazer para sua própria equipe, ainda mais pelo Brasil. No tênis, por exemplo, o cara perde sozinho”, afirmou. “Seleção não é só alegria e também gosto de reviver esse passado. Muitos pensam: ‘Taffarel ganhou isso, ganhou aquilo’. Mas já perdi, errei, falhei e fui criticado”, disse.

Pioneiro entre os goleiros brasileiros no exterior, Taffarel não vinha jogando no Parma em função do limite de estrangeiros vigente na época. Carlos Alberto Parreira, ainda assim, não abriu mão de chamar seu goleiro, que depois se transferiu para a modesta Reggiana.

“Ele estava um pouco esquecido no Parma, mas não por problema técnico. Veio nas Eliminatórias e, aos poucos, foi conquistando seu espaço. Tínhamos também Zetti e Gilmar, mas definimos pelo Taffarel, um dos maiores goleiros do futebol brasileiro”, disse Parreira.

Convicto em sua escolha por Taffarel, o treinador não precisou usar Zetti e Gilmar durante as sete partidas rumo ao título mundial. De acordo com o ex-goleiro do Flamengo, os dois reservas procuravam levar o titular ao limite durante os treinamentos diários nos Estados Unidos.

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“Uma coisa que posso dizer é que nós apertamos demais o Taffarel, um dos melhores goleiros do Brasil. A cada atividade, eu e o Zetti treinávamos mais e mais exatamente para que ele soubesse que também precisaria dar o seu máximo sempre”, contou Gilmar Rinaldi.

Atualmente, Taffarel trabalha como preparador de goleiros na Seleção comandada por Tite. Vinte e cinco anos depois, como integrante da comissão técnica, o herói da final da Copa do Mundo 1994 tenta conduzir os pupilos rumo aos títulos que colecionou como atleta.

“Essa vitória realmente marcou cada um de nós, porque foi conquistada com trabalho e, acima de tudo, por um grupo que se uniu, sabendo de todas as dificuldades que enfrentávamos desde as Eliminatórias. O título de 1994 teve um contexto muito grande”, declarou Taffarel, orgulhoso.