Cobertura real - Gazeta Esportiva
Redação
São Paulo - SP
12/31/2022 06:00:43
 

Por Rodrigo Matuck

Fundado em 10 de outubro de 1947, o jornal A Gazeta Esportiva teve o privilégio de documentar e acompanhar de perto toda a carreira de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, que morreu no dia 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos.

A princípio, o periódico era apenas uma pequena coluna do jornal A Gazeta. Devido ao sucesso, porém, Cásper Libero decidiu dar um espaço maior ao segmento esportivo e criou “A Gazeta – Edição Esportiva”, em 24 de dezembro de 1928.

Quatro anos após a morte de Cásper Líbero e sob a gestão de Carlos Joel Nelli, o suplemento tornou-se um jornal diário e ganhou um grande número de páginas. Nasceu, então, “A Gazeta Esportiva”.

Nove anos mais tarde, Pelé chegava à Vila Belmiro. No dia 7 de setembro de 1956, então, o ainda franzino garoto estreia no profissional do Santos e, logo de cara, marca o seu primeiro gol pelo clube, em uma partida amistosa contra o Corinthians de Santo André.

A partir de então, Pelé empilhou feitos históricos com a camisa do Peixe e da Seleção Brasileira, sempre acompanhado pela Gazeta Esportiva, seja no jornal ou na inovadora revista Gazeta Esportiva Ilustrada, que circulou de 1953 a 1967 e marcou época com suas capas coloridas.

Ainda em 1958, o então jogador de apenas 17 anos já ganhou grande destaque. Antes mesmo do início da Copa do Mundo, disputada na Suécia, o futuro Rei do futebol já havia estampado a capa da revista ilustrada. A edição foi publicada no dia 1º de junho e trouxe o atleta com a camisa da Seleção Brasileira, que viria a ser campeã mundial pela primeira vez naquele ano, com dois gols de Pelé na final.

No ano seguinte, o santista voltou a chamar a atenção. Desta vez, o jornal A Gazeta Esportiva também deu espaço para Pepe e Pagão, que, ao lado do camisa 10, formaram um dos ataques mais emblemáticos da história do futebol mundial. “Pulverizou o Santos todos os recordes”, publicou o periódico em janeiro de 1959, exaltando os 143 gols anotados pelo Peixe no título do Campeonato Paulista de 1958. Destes tentos, 58 foram marcados por Edson Arantes do Nascimento.

Em 1962, Gilmar, Olavo, Mauro e Dalmo; Calvet e Zito; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe formaram o famoso Santos que se consagrou campeão da Libertadores e do Mundial.

Em 16 de outubro, a Gazeta Esportiva enalteceu o título mundial do clube após a vitória por 5 a 2 sobre o Benfica, em Lisboa. Mas um jogador ganhou mais destaque: Pelé. No canto alto da página, o jornal estampou a cara do jogador e escreveu: “Não há nem pode haver melhor”.

Ainda em 1962, uma foto ficaria marcada para sempre na história da publicação. Antes de um treino para a partida contra o Corinthians, válida pelo Torneio Nacional, Pelé e Coutinho foram fotografados lendo uma edição do jornal A Gazeta Esportiva.

Foto: Acervo/Gazeta Press

Em 1969, começou uma contagem regressiva para o milésimo gol de Pelé. “Pelé fez 4! Só faltam 5”, “Só faltam dois, Pelé”, foram algumas das capas do jornal antes do histórico 19 de novembro de 1969, quando, enfim, o craque balançou a rede pela milésima vez na carreira.

“Maracanã de pé consagrou Pelé”, publicou a Gazeta Esportiva. Na página 7 daquela edição, o jornal fez uma arte para representar os mil gols.

65.157 pessoas estiveram no Maracanã. O tento saiu aos 34 minutos do segundo tempo. O camisa 10 foi derrubado na área e sofreu o pênalti. O craque santista bateu com o pé direito, no canto esquerdo do goleiro. Andrada voou com vontade, conseguiu raspar na bola, mas não evitou o gol.

Em 1970, Pelé conquistou a sua terceira Copa do Mundo e voltou a ter o seu rosto em destaque no noticiário. Um ano depois, no dia 18 de julho, chegou a hora de ver o astro pela última vez com a Amarelinha. Em sua manchete, A Gazeta Esportiva agradeceu: “Só resta dizer: obrigado, Pelé!”.

Já em 1974, o maior jogador de todos os tempos se despediu do Santos. O último jogo foi em 2 de outubro daquele ano, na vitória por 2 a 0 sobre a Ponte Preta. No dia seguinte, A Gazeta Esportiva escreveu na primeira página: “Pelé diz adeus à Vila”. Mais para frente, a manchete foi: “A crítica é unânime: Pelé é um gênio”.

Após se despedir dos gramados, Pelé ainda participou de diversos programas da TV Gazeta. O astro do futebol mundial foi entrevistado no Mesa Redonda, onde contou diversas histórias da sua vida e se emocionou.

Ao todo, foram 49 títulos envergando a camisa 10 do Santos. Entre todas as taças, as principais foram: Mundial Interclubes (1962-1963), Copa Libertadores (1962-1963), Campeonato Brasileiro (1961-1962-1963-1964-1965/1968), Torneio Rio-São (1959/1963-1964/1966), Campeonato Paulista (1958/1960-1961-1962/1964-1965/1967-1968-1969/1973) Recopa Sul-Americana (1968) e a Recopa Mundial (1968). Pelé disputou 1.116 jogos e marcou 1.091 gols pelo clube.

Com a camisa da Seleção Brasileira, conquistou o Tricampeonato Mundial (1958/1962/1970) e mudou a história do futebol brasileiro. Até hoje, é o único a conquistar três vezes a maior competição de futebol do mundo.