A paixão de um croata corintiano - Gazeta Esportiva - Muito além dos 90 minutos
Marcelo Baseggio
São Paulo
12/08/2022 08:00:21
 

O croata Zeljko Pavletic é um admirador do futebol brasileiro. Sua paixão pelo país floresceu quando veio a São Paulo para assistir à estreia da Croácia na Copa do Mundo de 2014, contra o Brasil. A visita à Neo Química Arena acabou gerando um sentimento especial pelo Corinthians a ponto de ele abrir um bar temático do clube em Zagreb, capital do país eslavo.

Oito anos depois, Brasil e Croácia voltam a se enfrentar em uma Copa do Mundo, desta vez pelas quartas de final do torneio. Pela sua identificação com o futebol brasileiro e, mais precisamente, com o Corinthians, Zeljko Pavletic não poderia perder a oportunidade de presenciar esse grande confronto, mesmo tendo de abrir mão do conforto de casa para acompanhar de perto a luta pela vaga na semifinal do Mundial.

“Vou embarcar para Doha no voo da noite, chegarei no Catar pela manhã, no dia do jogo, assistirei à partida e volto na mesma noite para a Croácia”, explicou Zeljko em entrevista à Gazeta Esportiva.

Paixão pelo Corinthians

Zeljko Pavletic é um torcedor fanático do Dinamo Zagreb, principal clube de futebol da Croácia. Em 2014, durante a Copa do Mundo do Brasil, o croata decidiu acompanhar de perto a seleção de seu país e se apaixonou pelo Corinthians, se tornando amigos de torcedores organizados do Timão e, inclusive, retornando a São Paulo tempos depois para revê-los.

A identificação com o Corinthians foi tamanha que Zeljko resolveu levar um pouquinho do clube e de sua história para Zagreb, inaugurando o Caffe Bar Corinthians, um estabelecimento temático, com faixas, camisas, adesivos, fotos de ídolos do clube e que recebe diversos turistas brasileiros durante a alta temporada.

“O Bar Corinthians ainda está aqui, quase oito anos depois. Se tornou um lugar muito tradicional aqui na vizinhança, um lugar único onde as pessoas podem assistir aos jogos”, comentou Zeljko.

O estabelecimento não fica localizado em uma área turística de Zagreb. Fazendo jus ao DNA do Corinthians, o bar funciona no bairro Sesvete, na periferia da capital croata, mas nada que impeça a ida de brasileiros par lá.

“Durante a temporada de verão, recebemos a visita de alguns torcedores brasileiros que vêm conhecer o Bar Corinthians. Durante o inverno, não, porque não recebemos muitos turistas no frio”, completou.

As loucuras para acompanhar a Croácia in loco

Essa será a segunda vez que Zeljko Pavletic desembarcará em Doha para assistir aos jogos da Croácia nesta Copa do Mundo. O comerciante esteve presente nos dois primeiros confrontos da seleção de seu país no torneio, contra Marrocos e Canadá, mas ficou hospedado em outro país para baratear os custos da viagem.

Como as hospedagens em Doha estão mais caras por causa da realização da Copa do Mundo, Zeljko Pavletic resolveu ficar hospedado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Apesar de se tratar de outra cidade, de outro país, a distância para a sede do Mundial é curta, já que os territórios de cada nação são bem pequenos.  O trajeto de carro entre as duas regiões é de cerca de 6h a 7h.

“Estive presente nos dois primeiros jogos, contra Marrocos e Canadá. Tive que ficar em Dubai, porque era mais barato me hospedar por lá. Então, eu ia para Doha no mesmo dia do jogo, depois voltei para Dubai. Ou seja, não fiquei nem uma noite inteira em Doha, porque era muito caro”, explicou.

Enquanto alguns brasileiros vêm fazendo de tudo para conseguir ingresso para o tão esperado jogo das quartas de final da Copa do Mundo, Zeljko Pavletic adquiriu entradas para Brasil x Croácia sem grandes problemas.

“Eu comprei ingresso para o jogo, comprei as passagens para Doha. Quando o jogo contra o Japão foi para os pênaltis, deixei tudo engatilhado para, assim que ganhássemos, fazer a compra. Foi uma decisão boa, porque agora os ingressos estão mil euros (5,4 mil reais) mais caros”, revelou.

“Esse é o milagre, o segredo. É mais fácil para nós, porque somos um país pequeno.  É mais fácil do que no Brasil, onde há 200 milhões de habitantes. Aqui na Croácia temos apenas 4 milhões. Nem todo mundo acaba tentando comprar ingressos para a Copa, porque é muito caro. Para ficar um mês lá, você tem que ser muito rico, porque é muito caro”, completou.

Aposta na prorrogação como caminho para mais uma final

A Croácia é a atual vice-campeão do mundo. Em 2018, na Rússia, a seleção foi derrotada pela França, na final, por 4 a 2. Naquela edição, Modric e companhia se classificaram para a decisão do torneio após disputarem prorrogação nas oitavas, quartas e semifinal. No Catar, a primeira fase do mata-mata começou parecida para os croatas.

Contra o Japão, pelas oitavas de final, a Croácia levou a partida para o tempo extra após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar e levou a melhor nos pênaltis. Para Zeljko, o único jeito de superar o Brasil e manter vivo o sonho do título inédito é forçar uma nova prorrogação.

“Eu espero que sejam 120 minutos de luta, que a Croácia leve o jogo para a prorrogação e depois para os pênaltis, porque nos pênaltis a gente normalmente costuma ganhar. Se a gente vencer o Brasil, logo depois vocês podem ficar felizes conosco se a gente vencer a Argentina”, brincou.

Se por um lado a prorrogação pode ser um trunfo, por outro pode acabar sendo um fator que favorece o adversário. A Croácia chegará para o confronto com o Brasil mais desgastada que o rival, já que atuou 30 minutos a mais nas oitavas de final, além dos pênaltis. Em 2018, na Rússia, a diferença foi ainda maior.

“O que nos preocupa é que podemos chegar à final apostando em levar os jogos para a prorrogação. Na Rússia, chegamos na final tendo jogado praticamente um jogo a mais que a França, porque tivemos prorrogação nas oitavas, nas quartas e na semifinal. Ou seja, atuamos 90 minutos a mais que a França”, lembrou Zeljko.

Por fim, o croata espera que sua seleção entre em campo mais relaxada e se beneficie do fato de a responsabilidade pela classificação estar toda do lado brasileiro para que haja mais uma zebra nessa inusitada Copa do Mundo.

“vamos para esse jogo relaxados, porque se perdemos para o Brasil, será algo normal. A responsabilidade é deles, porque são o melhor time, os jogadores são melhores. Mas, se jogarmos o nosso melhor, a partida vai ser muito difícil”, concluiu.